Especial

Após projeto do Governo, história e cultura de Porto Acre devem ser incluídas na grade curricular do município

Em 2021, o Governo do Acre, por meio da Divisão de Patrimônio Histórico e Cultural (DPHC), da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), esteve no município de Porto Acre, distante 58 quilômetros da capital acreana, para promover o Projeto de Reconhecimento, Fortalecimento, e Valorização do Patrimônio Histórico e Cultural do Acre.

Após alguns meses da execução do Projeto, já se pode deslumbrar os efeitos junto aos munícipes.

Nesta semana, o vereador Leandro Bezerra, estimulado pelo Projeto, apresentou na Câmara Municipal de Porto Acre, um Anteprojeto de Lei, de sua autoria, que visa inserir na grade curricular da rede de ensino do município a disciplina que estude a história do patrimônio histórico e cultural de Porto Acre, materiais e imateriais.

O parlamentar destaca a importância do projeto do Governo para a criação do Anteprojeto.

Porto Acre, onde aconteceu a rendição das tropas bolivianas. Foto: Flickr

“A ideia é resgatar e fazer com que nossas crianças portoacrenses possam conhecer mais a fundo nossa história, e possam passar à frente. Sempre tive esse desejo de que nossa história tão linda e importante para nosso estado não se perdesse, após o encontro do projeto da FEM, aqui no município, e com as palestras e oficinas, essa chama acendeu dentro de mim”, revela o vereador.

O projeto encontra-se agora na Comissão de Legislatura e Justiça da Câmara Municipal de Porto Acre, e deve ser votado pelo Plenário da Câmara em breve.

Jovens artistas lançam coletivo artístico, por meio do Governo do Estado, no próximo domingo 27, no bairro Tucumã

 

Neste domingo, 27, o projeto “O Bairro Mais Bacana da Cidade” ocorre na quadra poliesportiva do bairro Tucumã. O evento se trata de um projeto financiado pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura Elias Mansour, com recurso da Lei Aldir Blanc.

 

A iniciativa partiu da união de cinco jovens:Thalia Yaritza , Emile Consuela da Silva, Jefferson Morais, Rikelme Bezerra, Nathalia Golombieski, Ana Laura Fadul, que enxergaram a necessidade da realização de uma ação artística no bairro.

O evento tem cunho artístico-social, envolvendo a parte cultural, com música, artes plásticas, mas também a parte do comércio, com pequenos comerciantes, artesãos, comidas caseiras etc., visando não só movimentar a parte cultural  do bairro, mas também o comércio local.

Por que o bairro do Tucumã é o bairro mais bacana da cidade? Para Thalia Yaritza (25), uma das organizadores do evento, o bairro Tucumã foi pensado pelo coletivo por ser movimentado e situado nas proximidades da Universidade Federal do Acre, onde boa parte dos artistas são estudantes.

“Nós temos uma população jovem bem presente ali, além das partes de estrutura recreativa, com a pracinha e as quadras, ele foi pensado em justamente utilizar esse espaço a favor da população, trazendo algo novo e mobilizando pessoas a conhecer o bairro, os espaços próximos, onde será realizado o evento, e o comércio que já está ali presente.”, explica a organizadora.

Thalia Yaritza , organizadora do projeto O Bairro Mais Bacana da Cidade. Foto: Arquivo pessoal.

Uma das artistas participantes é Larissa Marcusso (20), que começou a fazer crochê, tapetes, roupas e bolsas, a fim de obter uma renda extra. Ela pensou no que poderia investir, até que passou a ver o artesanato como uma opção não só de renda, mas também de arte. Com o evento, ela espera ser mais reconhecida por seu trabalho.

“Quero que as pessoas conheçam não só o meu trabalho, mas também os trabalhos dos outros artistas e empreendedores.”, diz a artista.

Artista Larissa Marcusso, membro do projeto O Bairro Mais Bacana da Cidade. Foto: Arquivo pessoal.

O que é um evento artístico sem música? Outros participantes do evento são os músicos Gabriel Torres (22) e Maria Staff (20) que trazem para a iniciativa diversos ritmos. O repertório da dupla contém músicas da MPB, da Nova MPB, do Samba, além de músicas autorais. Sobre o evento ser na praça do Tucumã, Gabriel argumenta sobre unir arte à história do bairro.

“A praça do tucumã é bem movimentada e visitá-la faz parte do cotidiano de quem mora no bairro, e nada melhor do que um evento com atrações artísticas nesse local que as pessoas já estão familiarizadas. Acredito que todos vão aproveitar bastante as apresentações, vai ser ótimo conhecer os artistas locais que estarão expondo durante o evento.

Músicos Gabriel Torres e Maria Staff, membros do projeto “O Bairro Mais bacana da cidade. Foto: Arquivo pessoal.

Para Emile Consuela (23), também organizadora, o projeto pode ajudar ativamente artistas que sobrevivem de arte: “A gente sabe que no sentido financeiro os artistas podem passar por alguns enfrentamentos, então a gente espera que com essa exposição mais pessoas possam conhecer o trabalho desses artistas.”, explica a organizadora.

Emile Consuele (23) organizadora do projeto “O Bairro Mais Bacana da Cidade. Foto: Arquivo pessoal.

Confira os artistas que estarão no evento!

Projeto “Dois Sóis” leva acesso à arte e à literatura no bairro Papoco

“Dois Sóis” é um projeto idealizado pela multiartista Roberta Marisa, na área de arte, patrimônio e publicação. A proposta faz parte da segunda fase da Lei Aldir Blanc, realizada pelo Governo do Estado do Acre, por meio da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM).

Projeto “Dois Sóis”. Oficina de Construção Literária com a comunidade do Papoco. Roberta Marisa. Foto: Cedida por Drone Acre.

A iniciativa se trata de uma Oficina de Construção Literária com a comunidade do Papoco, que visa levar a poesia e a literatura para a periferia. Para a execução da ação, Roberta convidou alguns artistas que, assim como ela, integram o cenário da literatura do estado, dentre eles: A poetisa Francis Mary, mais conhecida como “Bruxinha”; o ator Ivan de Castela; e Alessandro Borges, o “Poeta da Baixada”.

Projeto “Dois Sóis”. Oficina de Construção Literária com a comunidade do Papoco. Roberta Marisa. Foto: Cedida por Drone Acre.

Para a realização da oficina foi necessário cerca de uma semana para que a comunidade se familiarizasse com os artistas. A metodologia utilizada pela artista foi a de arte-educação, buscando por meio disso acessebilizar os conteúdos para a todos os públicos, pois apesar de a proposta ser destinada a crianças e adolescentes, toda a comunidade foi comtemplada com ação.

As dinâmicas envolveram pintura e teatro para que os adolescentes se sentissem inseridos neste universo. A partir da colagem de letras e palavras eles construíram sua própria produção literária. “ Foi muito lindo ver uma criança lendo a imagem de uma palavra.”, explica Roberta.

Ao longo do processo de execução da proposta a escritora percebeu que ação envolvia vários processos, e alguns deles culminam no lançamento da revista “Dóis Sóis” e em um livro com o mesmo nome. A analogia por trás do nome das obras faz referência a realidade da comunidade do Papoco, que reside na parte central da cidade, e que para a autora não é vista como um lugar de se fazer arte.

“Quando eu escrevi eu pensei no papoco mesmo, porque eu sempre acompanho projetos culturais e eu sempre vejo em bairros conhecidos, mas eu nunca via no papoco, por ser visto como um bairro perigoso.”, diz a autora, e ela ainda complementa “Nada limita onde a arte pode chegar”.

Projeto “Dois Sóis”. Oficina de Construção Literária com a comunidade do Papoco. Roberta Marisa. Foto: Cedida por Drone Acre.

É o mesmo sol para todos? A autora questiona as dualidades sociais em seu livro, através de memórias, e na revista abre espaço para as produções e fotografias realizadas no bairro durante a oficina literária. A escritora acredita que fez algo novo pelo bairro ao incentivar a leitura e a escrita e destaca planos para o futuro “Quero incentivar outras cabecinhas pensantes para verem a literatura como um sonho possível.”, conta Roberta.

A revista e o livro “Dois Sóis” têm previsão de lançamento para o mês de abril.

 

Cantora acreana homenageia Alcione “A Marrom” no palco

No próximo dia 19 de março (sábado) a cantora Gigliane Oliveira traz para o palco um show em homenagem à cantora Alcione, às 19 horas na Usina de Arte João Donato, com entrada gratuita.  Na ocasião, ela receberá convidados especiais como a cantora Verônica Padrão e o Bloco 6 é D+.

O show faz parte do projeto “Uma Homenagem Marrom”, aprovado no edital de Apoio e Incentivo à Música N°004/2021, com recursos da Lei Emergencial Aldir Blanc, Por meio  da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), e visa levar ao público entretenimento, cultura, formação, ineditismo e exclusividade, já que “Marrom” tem uma carreira consolidada com mais de 40 anos embalada por grandes sucessos como; “A Loba”, “Faz uma loucura por mim”, “Não deixe o samba morrer”, “Meu ébano” e por aí vai. 

Foi pensando na força que Alcione tem e no empoderamento que reflete à sociedade sempre valorizando suas raízes e fortalecendo as causas a qual acredita, que Gigliane quis dividir esse sonho com os acreanos.

“Desde muito jovem que eu canto nas igrejas e em 2015 comecei a me apresentar em alguns bares da cidade e as pessoas sempre me diziam que eu tinha uma voz forte e parecida com a da Alcione, também por eu gostar de cantar as músicas dela, então eu sempre tive esse sonho de fazer um show em homenagem a essa mulher e cantora sensacional que eu sou muito fã”, diz. 

O show em  Homenagem a “Marrom” é gratuito e acontece na Usina de Arte João Donato, no próximo dia 19 de março. Os portões estarão abertos a partir das 18h30, chamem os amigos e vamos nos divertir. 

Para mais informações, pode chamar no Instagram @giglianeoliveira09.

Data: 19 de março de 2022

Local: Usina de Arte João Donato, ao lado da Maison Borges

Horário: 19h, mas o portão abrirá às 18h30 com venda de bebidas 



Ficha técnica 

Cantora: Gigliane Oliveira

Produção executiva: Nathânia Oliveira

Assistente de produção: Roberta Marisa

Participações especiais: atriz Mara Mattero, cantora Verônica Padrão, Bloco 6 É D+, e dançarinos Frank Costa e Clara Cristina.

AÇAÍ DE FEIJÓ: DOSSIÊ HISTÓRICO E CULTURAL DO ESTADO

“O açaí é a uva das bandas de cá” 

O governo do Estado do Acre, através da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), realizou e idealizou uma pesquisa a respeito da complementação histórica da região produtora do açaí mais notável do estado, Feijó. 

Foto: placa “açaí do bom melhor açaí de Feijó”, município de Feijó. Irineida Nobre. Dossiê de Complementação Histórica Sobre o Açaí de Feijó.

O estudo foi realizado por meio de uma parceria firmada entre SEBRAE – AC; FEM, através da DPHC – Divisão de Patrimônio Histórico e Cultural; e pelo NEPHI – Núcleo de Estudos e Pesquisas do Patrimônio Histórico Imaterial, como parte do projeto AC IG – Indicações Geográficas. 

A pesquisa aconteceu durante todo o ano de 2021. O Sebrae convidou a representante da FEM na área de Patrimônio Histórico, Irineida Nobre, historiadora, gestora de políticas públicas, para fazer a contextualização histórica do açaí de Feijó.  

O projeto objetivou registrar a complementação histórica do Dossiê de Notoriedade da região produtora do açaí de Feijó, através de um material audiovisual e escrito elaborado por meio de pesquisa bibliográfica, entrevistas de campo, reuniões com lideranças locais, produtores, agricultores e associações.

A RELAÇÃO ENTRE O MUNICÍPIO E O AÇAÍ

O açaí produzido em Feijó é considerado por muitos críticos como o melhor do Brasil devido a sua espessura mais grossa e sabor mais doce. O município de Feijó fica localizado na região central do estado do Acre.

Em Feijó, o açaí transpassa as fronteiras da ingestão como alimento e percorre todo esse caminho de conectar as pessoas com uma identidade forte e geograficamente muito bem delimitada: “O açaí de Feijó”, expressão que pode ser ouvida com muita facilidade em todo território acreano.

 

Foto: Casa de cor roxa fazendo alusão ao açaí de Feijó. Irineida Nobre. Dossiê de Complementação Histórica Sobre o Açaí de Feijó.

A identidade visual da cidade é algo que chama a atenção em Feijó, pois a cor roxa é muito presente na pintura de muitas casas, fachadas de instituições de ensino, espaços recreativos e até na pintura dos veículos de táxi local. O preço da tinta roxa também é diferente, o que demonstra que a cidade reconhece o fruto como símbolo.

SOBRE O FRUTO

O Açaí é uma espécie nativa das várzeas da região amazônica, especificamente da Venezuela, Colômbia, Equador, Guianas, e Brasil: nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Maranhão e Tocantins. Deste fruto pode ser extraída a polpa, que pode ser utilizada para a produção de vinho, além de servir como acompanhamento de iguarias em outros pratos.

Na Amazônia, o açaí é consumido tradicionalmente junto com farinha, e há quem prefira fazer um pirão com farinha e comer junto com peixe assado ou camarão, ou consumir o vinho com açúcar.

O açaí possui ainda significativas quantidades de antocianina, nutriente responsável pela sua coloração roxa. Essa substância evita a degeneração celular, e subtrai o aparecimento de problemas cardiovasculares.

NOTORIEDADE DO PRODUTO

Os açaizeiros de Feijó são nativos, os chamados “açaí solteiro”, distribuídos por todo o território de forma impressionante e exuberante. São tantos “pés de açaí” que a impressão é de que para qualquer lugar, ou de qualquer janela que se olhe, lá tem um “pé de açaí” olhando de volta, relata a historiadora Irineida. O açaí possui grande importância cultural e social nas regiões, onde existem cooperativas, as quais produtores e trabalhadores do ramo buscam aumentar o escoamento da produção e a qualidade de seus produtos, aumentando assim o preço de venda.

O FESTIVAL DO AÇAÍ DE FEIJÓ

Foto: Festival do Açaí. Irineida Nobre. Dossiê de Complementação Histórica Sobre o Açaí de Feijó.

Quando foi criado, o festival consistia em ser uma troca de experiências entre produtores e de produtos derivados do açaí, sem fins comerciais. No entanto, com o passar do tempo, a celebração ganhou notoriedade e ainda passa por mudanças até os dias atuais. 

É comum ouvir relatos de famílias, amigos e curiosos que se organizam em grupos e se deslocam de Rio Branco (capital acreana) e de outros municípios para prestigiar o Festival do Açaí de Feijó. A quantidade de público também impressiona. No ano de 2021, foi a primeira vez que o festival aconteceu de forma remota, mas mesmo assim houve grande participação de público.

Este festival mobiliza o estado inteiro. Além de poderem saborear o melhor açaí do Brasil, os festeiros podem curtir shows de celebridades locais e nacionais, o que faz com que o festival tenha muito crédito com a população acreana.

A PRODUÇÃO

As pesquisas sobre o fruto mostraram que o gosto do açaí muda de região para região; seu modo de ser feito; seu rendimento e sua intensidade. Feijó, no entanto, carrega isso em essência pela quantidade de palmeiras exorbitantes que possui, pelas famílias que vivem da produção do açaí e, principalmente, pelo fato do fruto ser o símbolo da cidade.

Foto: Açaí cremoso. Irineida Nobre. Dossiê de Complementação Histórica Sobre o Açaí de Feijó.

Para o presidente da COPERAÇAÍ, José Giovanni Nascimento, registrar a produção que ocorre é de suma importância para a valorização do trabalho. “A IG do açaí é importante em três grandes pilares: o primeiro é não perder a identidade; o outro é a parte econômica e a competitividade do produto e sua valorização de mercado; o terceiro é a sustentabilidade e manter a “mata em pé”, porque mais de 99% hoje da nossa produção é natural e nativa. Nós precisamos dessa “mata em pé”, então existem três pilares no Dossiê de Notoriedade da região produtora do açaí de Feijó que pode estimular e fortalecer aspectos da história e da cultura”, explica.

A pesquisadora e historiadora responsável por esse dossiê histórico do açaí, Irineida Nobre, não só indica a qualidade da produção e do fruto, mas também o festival de Feijó que possui importantes aspectos sociais, culturais e turísticos.

“Eu indico, para possível registro e salvaguarda, via decreto estadual e municipal, o festival do açaí de Feijó pelas diversas características apontadas na pesquisa, que levam esse evento de décadas de existência a um patamar de patrimônio histórico-cultural imaterial do Acre.”, explica.

ACESSE O DOSSIÊhttps://bit.ly/A%C3%A7a%C3%AD-de-Feij%C3%B3

Fundação Elias Mansour fecha 2021 com grande investimento em espaços e politicas culturais

Entre ações, espaços e políticas culturais, o Governo do Estado do Acre, através da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), não mediu esforços em práticas positivas para a promoção, valorização e incentivo à cultura em 2021, a FEM manteve-se de portas abertas e firme com o compromisso que o Governo possui com a cultura acreana.

Evento de incentivo à leitura e à escrita na biblioteca Adonay Barbosa com a presença do governador Gladson Cameli. Foto: Arquivo.

Foram mais de R$4 milhões destinados a editais de fomento cultural; mais de R$15 milhões em obras e revitalizações de espaços culturais que beneficiarão os fazedores de cultura do estado, bem como à população. Confira um pouco das ações da Fundação de Cultura Elias Mansour.

Revitalização nos espaços culturais. Foto: Arquivo.

Espaços Culturais

Para a Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), 2021 foi um ano muito importante, haja visto, ter conseguido através de seu presidente, Manoel Pedro, e de emenda parlamentar, destinada pela senadora Mailza Gomes, viabilizar um montante de recurso bastante expressivo para alguns espaços que fazem parte da FEM, como: Biblioteca da Floresta (R$4 milhões); Teatro Plácido de Castro (R$5 milhões); Palácio Rio Branco (R$4 milhões). Além destes projetos incentivados pela emenda, a Praça da Cultura, espaço que será construído ao lado da Usina de Artes João Donato, que está em processo de desenvolvimento, foi orçada no valor de R$2,5 milhões. A Tentâmen recebeu autorização para a sua revitalização, que custará R$960 mil.

Revitalização realizada na Usina de Artes João Donato. Foto: Arquivo.

Também foi importante a homologação dos contratos de revitalização dos espaços: Memorial José Augusto e Teatro José de Alencar, assim como, a Casa dos Povos Indígenas e o Casarão, que encerrarão suas obras até fevereiro de 2022.

O espaço Kaxinawá também passou por um processo de revitalização, seguido da entrega do espaço à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e das Políticas Indígenas (SEMAPI). Já no mês de setembro foi dada a ordem de serviço da Galeria de Exposição José Antunes e da sede da FEM, assim como também foi dada a ordem de serviço para a revitalização do Teatro e Cine Recreio, com previsão de entrega em fevereiro de 2022. Outro marco para o ano de 2021 é a construção do Museu dos Povos Acreanos, que está em fase de finalização e é a maior obra de âmbito cultural do estado.

Assinatura do termo de cooperação do espaço Kaxinawá com a presença do Procurador da República. Foto: Arquivo.

Projeto Abraço Cultural

O Abraço Cultural é um projeto de promoção e valorização de ações, atividades e eventos culturais no estado do Acre, que ocorreu em agosto do corrente ano. A Divisão de Apoio às Artes (DARTES) executou o projeto no Vale do Juruá. Dentre as atividades propostas estavam: shows musicais, contação de histórias, cinema, dança, teatro e rodas de conversa. Essas ações foram desenvolvidas por artistas locais, a fim de oportunizar e incentivar a cultura da região. Além das apresentações presenciais, que seguiram os protocolos de segurança contra a Covid-19, também foram transmitidas lives nas redes sociais da Fundação de Cultura Elias Mansour, com o intuito de criar maior proximidade.

Abraço Cultural, realizado no Juruá. Foto: Arquivo.

Foram cerca de R $86 mil divididos nos municípios de: Mâncio Lima, Feijó, Rodrigues Alves, Tarauacá e Cruzeiro do Sul. Mais de 100 famílias, pequenos e grandes produtores e empresários do setor cultural foram beneficiados financeiramente. O projeto atendeu diretamente 200 artistas do interior, impulsionando assim o setor cultural nos municípios. Ao todo, a iniciativa contou com um público estimado em mais de 8 mil pessoas, 2 mil só na cidade de Mâncio Lima.

Abraço Cultural, realizado no Juruá. Foto Arquivo

Projeto de Articulação Institucional para Fortalecimento, Reconhecimento e Valorização do Patrimônio Histórico e Cultural

O projeto de Articulação Institucional para Fortalecimento, Reconhecimento e Valorização do Patrimônio Histórico e Cultural do Acre, que visa sensibilizar os gestores municipais de cultura e áreas afins da importância de trabalhar o patrimônio cultural como um vetor de promoção social, através da implantação de legislação específica e ações educativas sistemáticas e lúdicas que atinjam a compreensão social em 21 (vinte e um) municípios do Acre, foi executado pela equipe da Divisão de Patrimônio Histórico e Cultural (DPHC) da FEM, de julho a dezembro. O projeto contemplou 14 municípios; 251 gestores municipais; mais de 180 horas de ação; 120 bens culturais visitados e cerca de 2.000 registros fotográficos dos bens catalogados.

Formação realizada no interior do estado pela divisão de patrimônio histórico e cultural (DPHC).Foto: Arquivo.

A DPHC, com o trabalho realizado até o momento, promoveu a implantação de lei municipal para a proteção e conservação dos patrimônios históricos e culturais, além disso, forneceu aos gestores um relatório situacional dos bens catalogados em cada município para que eles possam nortear as futuras ações a serem desenvolvidas na área.

Formação realizada no interior do estado pela divisão de patrimônio histórico e cultural (DPHC).Foto: Arquivo.

Lei Aldir Blanc

Neste ano a FEM deu continuidade ao trabalho de fortalecimento e valorização da cultura acreana, bem como dos fazedores de cultura do estado, através de incentivos financeiros à ações e projetos culturais realizados através dos recursos remanescentes da Lei Aldir Blanc (LAB).

A Lei Aldir Blanc é uma lei de caráter emergencial devido aos efeitos econômicos e sociais derivados da pandemia da Covid-19 aos fazedores de cultura. Sancionada em 29 de junho de 2020, foi nomeada em homenagem ao letrista e compositor homônimo. Transferiu R$3 bilhões aos estados e municípios.

Ação Cultural em 2020. Foto: Arquivo.

A FEM ficou responsável por gerir mais de R$16,4 milhões em 2020, distribuídos em editais e quatro parcelas de auxílio emergencial. Foram seis segmentos contemplados na primeira fase: arte e patrimônio, audiovisual, cultura afro-brasileira, culturas tradicionais e populares, formação e produção e eventos consolidados.

Em sua segunda fase, a LAB injetou o montante residual do valor transferido ao Estado, totalizando R$4,9 milhões divididos em quatro editais. São eles: Edital de Apoio à Música; Audiovisual; Arte e Patrimônio e o edital dos Povos Originários.

Abrangendo todo o estado, a Fundação de Cultura Elias Mansour destinou metade do valor residual para iniciativas inscritas na capital e a outra parte para projetos do interior do Acre.

Além do compromisso com os fazedores de cultura do estado, a FEM, através do Departamento de Políticas Culturais, desenvolveu uma série de ações voltadas para as gestões municipais, a fim de que as prefeituras, as que ainda possuíam saldo positivo nas contas que geriam o recurso da Lei Aldir Blanc, estivessem em condições legais e técnicas para a execução dos recursos, bem como orientando sobre os prazos estipulados pelo Governo Federal.

Assinatura do termo de cooperação do espaço Kaxinawá, presidente da FEM, Manoel Pedro. Foto: Arquivo.

 

FEM recebe doutorandos em arqueologia de universidades brasileiras

Por meio do trabalho da Divisão de Patrimônio Histórico e Cultural (DPHC) da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), doutorandos da Universidade de São Paulo (MAE/USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizam pesquisas sobre os artefatos cerâmicos encontrados nos sítios arqueológicos do tipo geoglifos, localizados no Estado do Acre.

Cliverson Pessoa, arqueólogo e estudante do programa de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP está desenvolvendo sua tese com foco no trabalho de classificar os artefatos encontrados nesses geoglifos, que são obras de terra que possuem mais de 2 mil anos, construídas por diferentes povos indígenas.

Vasilha decorada com técnica incisa, sítio Fazenda Atlântica, acondicionada na Fundação Elias Mansour. Foto: Cliverson Pessoa

Pessoa conta que a motivação por trás desse trabalho de análise da cultura material é a importância dele para o conhecimento da história dos povos que aqui vivem. “Na literatura arqueológica não há muitas informações sobre a cerâmica antiga do estado do Acre. Estamos revisitando o acervo de artefatos coletados em pesquisas anteriores. ”, conta.

Foram analisadas cerca de 400 peças que foram encontradas nos geoglifos acreanos. São objetos que retratam o modo de vida diário dos povos, como vasilhas, panelas, adornos, assim como peças de contextos particulares como objetos cerimoniais. Dentre essas destaca-se um banco de cerâmica altamente decorado, com um aplique, encontrado no Sítio Geoglifo JK.

Banco de cerâmica encontrado no sítio JK, possivelmente utilizado em rituais. Foto: Augusto Hidalgo

De acordo com os arqueólogos Denise Schaan, Alceu Ranzi e Martti Pärssinen no livro “Os Geoglifos do Acre”, os geoglifos são trincheiras ou valetas escavadas em solo argiloso, formando figuras geométricas monumentais e caminhos que as conectam. Eram possíveis espaços sagrados onde as pessoas se encontravam.

As figuras retratadas nos geoglifos são tão grandes que podem ser vistas por imagens obtidas através de satélites. “No sudoeste da Amazônia brasileira são mais de 800 estruturas de terra. Porém, no Acre, as figuras são muito bem delimitadas, diferente de sítios com obras de terra em outras localidades.”, relata Pessoa.

Vista aérea do sítio Atlântica. Foto: Diego Gurgel

A classificação está sendo feita em parceria com a DPHC da FEM. O trabalho da Fundação é o de inventariar o acervo para que ele seja transferido à Universidade Federal do Acre, que é a instituição habilitada a receber esse material arqueológico.

“Fomos muito bem recepcionados pelos servidores da FEM. Após visitar coleções do Museu da Borracha, iniciamos os trabalhos na Fundação com a ajuda das arqueólogas Jane Coelho e Raquel Frota, que já haviam iniciado a curadoria dos materiais. ”, conta Cliverson. “Estamos em diálogo com diversos servidores que colaboram no processo de catalogação e criação do inventário das cerâmicas dos geoglifos”.

Da esquerda para a direita: os doutorandos Cliverson Pessoa e Angislaine Costa, e as arqueólogas Jane Coelho e Raquel Frota. Foto: Carol Lamar

Espera-se que esse material possa ser acessado por outros pesquisadores no futuro e que auxilie no fortalecimento do conhecimento da história indígena. A tese está sendo feita com orientação do professor doutor Eduardo Góes Neves, professor e vice-diretor do MAE, e estará disponível no banco de teses e dissertações da USP.

Fem lança playlist exclusiva com artistas acreanos

Se o que faltava na sua playlist era um som regional, a espera acabou! O governo do estado do Acre, através da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM) lança perfil no spotify com a playlist “Acreano do pé rachado”. A seleção é o primeiro compilado musical da plataforma que contém apenas artistas acreanos. Na segunda fase da lei Aldir Blanc, a FEM destinou o valor total de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) através do edital de Incentivo e Apoio à Música, que contemplará 220 propostas do segmento .

Artistas que fazem parte da playlist “Acreano do pé rachado”.

O objetivo da FEM em ter um perfil na plataforma é de aproximar as pessoas da cultura local, através da música regional que conta vivências do povo acreano e a história do estado como um todo.

A iniciativa conta com vários gêneros e estilos musicais, evidenciando assim, a diversidade que é muito presente na área. Dentre os artistas e bandas, estão: Os Descordantes, Los Porangas, Maya Dourado, Rodolfo Minari, Moças do Samba, Jair Leandre e muito mais.

Ainda não segue a FEM no spotify? Acompanhe as novidades e os novos artistas. Aumente o som e ouça agora!

https://open.spotify.com/playlist/7GBQ3oJ31qa7N6YnG4kRQY?si=31caa18f974247f2
Playlist “Acreano do pé rachado”, uma iniciativa da Fundação de Cultura Elias Mansour.

 

Reabertura do Teatro Barracão é marcado por atividades voltadas a idosos

O Teatro Barracão Matias, localizado na regional Sobral em Rio Branco, tem uma grande relevância de serviços sociais e culturais oferecidos à população de Rio Branco, e, em especial, aos moradores da Baixada da Sobral: dança, música, capoeira, teatro, aula de violão e forró para a terceira idade estão entre as diversas modalidades que o Barracão dispõe para a população que viu todas serem suspensas por decorrência da pandemia.

Agora, após mais de um ano, o espaço volta a atender e a oferecer seus serviços gratuitos à comunidade. Nesta quinta-feira, 4, o Barracão recebeu a Associação de Arte em Movimento do Idoso de Rio Branco (AMIRB) e alunos do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário UniNorte. Os idosos puderam participar de atividades físicas e culturais, como canto e dança.

As atividades da AMIRB são realizadas no espaço cultural e incluem teatro, dança, coral, além de esportes e, em breve, cursos e oficinas. Todos são voltados à melhor idade e buscam a qualidade de vida e o fortalecimento de vínculos com familiares, além de servir como terapia ocupacional.

O coral dos idosos apresentou diversas músicas no auditório do teatro. Foto: Carol Lamar

A coordenadora da Associação, Raimunda Antunes, fala sobre o apoio do Governo do Estado, que fortalece a AMIRB. “Essa parceria nos fortalece, porque os idosos ficaram muito fragilizados nesse momento de pandemia. Muitos perderam familiares. A Associação está redobrando os cuidados com a pessoa idosa, trabalhando para garantir a qualidade de vida deles. Estamos tendo atividades de segunda a sexta-feira no teatro Barracão, com todos os cuidados exigidos pelos órgãos”, conta.

Dona Nazaré Amorim, de 67 anos, faz parte da AMIRB desde junho e sofria com depressão e ansiedade. “Um dia eu liguei pra Raimunda, que eu já conhecia, conversei com ela e disse que tinha um sonho de ser voluntária. Ela me convidou e comecei a ajudar a Associação. Hoje eu sou outra pessoa, me sinto muito gratificada por poder ajudar quem passa por problemas como ansiedade e depressão. A gente torna as pessoas felizes, interagindo com outros da mesma idade. Fazemos isso por amor.”, relata.

A AMIRB é apenas uma das diversas associações beneficiadas pelo Teatro Barracão Matias. Foto: Carol Lamar

Professor de música pesquisa sobre o uso de vocábulos amazônicos em canções

Se você é acreano do “pé rachado” , com certeza a maneira que você pronuncia determinadas palavras tem influência da cultura indígena local. O modo como cada vocábulo é pronunciado, sua entonação e sonoridade foram alguns dos motivos que levaram o maestro e professor Afonso Portela a pesquisar a respeito e elaborar um livro sobre o tema.

Apesar de a pesquisa, intitulada “O Uso de Vocábulos Amazônicos na Interpretação de Canções”, fazer parte do programa de pós-graduação realizado por ele na Universidade do Estado de Santa Catarina (UESC), a lei Aldir Blanc, através da Fundação de Cultura Elias Mansour, foi primordial para o seu desenvolvimento e conclusão, possibilitando viagens para bibliotecas em outros estados. 

Arquivo pessoal: Maestro Afonso Portela

Você sabe o que é um vocábulo? trata-se de um  pequeno trecho de som que é produzido nas falas, e pode se dizer que toda letra é um vocábulo ou simplesmente a junção de alguns. Sua pesquisa envolveu a análise de cinco músicas do cantor paraense Waldemar Henrique. O músico fez um levantamento de dicções e características de falas amazônicas. Ele entrou em contato com todos os estados do norte do país, exceto Tocantins. Após ter todo o material, ele realizou um comparativo do que há de semelhante e do que há de diferente, além de se basear ,primeiramente, no seu estado de origem, o Acre.

“Quando eu penso no que as pessoas podem aprender com isso, eu fico muito feliz.”

Afonso Portela

Com os processos de imigração e povoamento da região, a linguagem foi se diversificando de acordo com cada estado amazônico, incluindo o Acre. Suas pesquisas concluíram que a linguagem local possui nasalidade e isto está diretamente relacionado à ancestralidade indígena, pois as etnias que formam o território amazônico, utilizam a “nasalidade” em vogais específicas de acordo com a etnia. Para embasar o assunto, ele utiliza desde Platão a Focult, além de envolver estudos semióticos, os quais ele utiliza da retórica musical que revela algo além.

Arquivo pessoal: Maestro Afonso Portela

A obra não tem data para ser publicada, porém, o professor espera ansiosamente para compartilhar os resultados de sua pesquisa através do livro, para que a população acreana e nortista conheçam ainda mais a própria cultura.