Lei Aldir Blanc
Espetáculo solo “Cabo de Guerra”, financiado pelo Governo, traz histórias reais para abordar saúde mental
Quando foi que você parou para se escutar? Esse é um dos questionamentos que o personagem do artista acreano Daniel Scarcello faz no espetáculo solo “Cabo de Guerra”, que estreia na próxima sexta-feira (01).
A produção de “Cabo de Guerra” foi financiada pelo Governo do Estado do Acre, por meio da Lei Aldir Blanc, através Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), e conta com a parceria do Sesc Acre, e apoio da Exclusivité Papelaria, Nossa Gráfica, RB Studio, Usina de Arte João Donato e Escola de Dança Koinonia.
A ideia do trabalho surgiu há quase dois anos e, durante este período, Daniel escreveu versos, textos e ideias que acabaram se unindo aos depoimentos que ele colheu em meados de 2021. Para o ator, a peça marca o retorno aos palcos desde a pandemia e o desafio de apresentar seu primeiro trabalho sozinho em cena.
Em “Cabo de Guerra” acompanhamos o jovem Lucas que, em seu quarto, luta contra dores físicas que despertam medos, angústia e ansiedade. Entre choros, raiva e desespero ele compartilha depoimentos de outras pessoas que abordam difíceis experiências mentais. Ao relatar seus processos, expurgar seus medos e encontrar sua luz, Lucas nos faz refletir sobre nós mesmos e sobre como lidamos com nossos conflitos internos e externos.
“É sempre bom fazer algo pela primeira vez e nesse projeto foram muitas experiências novas. Está sendo um intenso desafio realizar essa montagem tão pessoal e importante para mim, pois tudo foi muito genuíno, estou literalmente realizando sonhos, cenas, ideias que me instigaram durante este período.”. Explica o ator.
Experiente com trabalhos solo (“Solamente Frida” e “Stella do Patrocínio”), a renomada artista acreana, Clarisse Baptista destaca que o tempo curto de produção exigiu um trabalho diário. “Fiquei contente quando encontrei a equipe. Muito bom ver gente nova com disciplina, gosto e vontade. É um exercício de ator para o Daniel, simples e sem pretensão. Que ele se divirta e aproveite. Trabalhou muito para isso.”, destaca Clarisse.
O trabalho da artista foi importante para nutrir e provocar reflexões sobre o processo de criação coreográfica, como conta Felipe Barbosa, coreógrafo do espetáculo, que explica as ideias iniciais sobre o enredo. “Busquei deixar a estrutura coreográfica ir surgindo pela escuta do processo, investindo na memória corporal do Daniel e no mapeamento dos elementos que se apresentavam como potência dramatúrgica”, comenta Felipe.
Para Daniel, a equipe fez toda a diferença no processo e resultado da produção. “Estou muito honrado por ter pessoas experientes, profissionais e talentosas comigo. Foi uma peça feita em coletivo, com diferentes pontos de vista, mas por pessoas abertas à escuta, à troca e, como Clarisse pontuou desde o início, a abrir mão”, comenta o ator.
Os ingressos do espetáculo podem ser comprados no Teatro de Arena do Sesc, nos dias de apresentação, ou antecipadamente, pelo Whatsapp: (68) 99988-3941. A peça fica em cartaz durante os dias 1, 2, 3, 8, 9, 10, 15, 16 e 17 de abril, às 19h30, no Teatro de Arena do Sesc, no centro de Rio Branco. Os ingressos custam R$20 e R$10 (meia entrada).
Antologia Reminiscências contempla mais de 70 escritores acreanos
Elaborada a partir de um projeto da Câmara Temática de Literatura de Rio Branco, entidade ligada ao Sistema Municipal de Cultura, gerido pela Fundação Garibaldi Brasil (FGB), foi lançada esta semana a antologia Reminiscências.
Aprovada na primeira fase do edital da Lei Aldir Blanc, a proposta foi executada pelo governo do Estado do Acre, por meio da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM).
Visando promover a publicação de obras literárias no estado e incentivar a leitura e a escrita, a publicação contemplou 71 escritores acreanos.
Ao todo, foram impressas mil cópias da obra, sendo 700 distribuídas entre os escritores, como pagamento de direitos autorais, e 200 à FEM, instituições de educação e ensino do estado e espaços de leitura. As outras cem são destinadas aos organizadores da obra.
A proposta foi trazer à tona o nome de escritores acreanos, desde aqueles que nunca haviam publicado até os que já possuíam publicações.
Em abril de 2021, a Câmara Temática de Literatura lançou o I Prêmio Florentina Esteves de Poesia, Contos e Causos, que teve como resultado o I Festival Literário de Poesias, Contos e Causos, realizado em dezembro.
Os dois eventos contaram com a representatividade da escritora e produtora cultural Kelen Andrade e do escritor e também produtor Alessandro Gondim, e culminaram na elaboração da antologia, em que todas as obras inscritas participam.
Sobre o Prêmio Florentina Esteves
O Prêmio Florentina Esteves de Literatura foi a primeira premiação acreana que homenageou uma mulher. Florentina, falecida em 2018, foi uma escritora, romancista e educadora que dedicou parte de sua vida à educação e cultura acreanas, sendo a primeira professora graduada do estado e secretária de Educação do Acre na década de 1960.
Além disso, em sua trajetória, também destacou-se como membro da Academia Acreana de Letras.
Já o festival contou com apresentações artísticas e a entrega de certificados para os vencedores.
O projeto
O projeto teve início com as inscrições em abril de 2021 e em 28 de dezembro realizou o Festival Literário de forma presencial, contando com apresentações artísticas e homenagens.
Buscou-se premiar três autores por categoria, totalizando nove premiações em dinheiro. Uma das características marcantes do projeto é que uma de sua categorias é o causo acreano, gênero literário típico na região.
Para Kelen Andrade, “foi um projeto que atingiu todo o estado, pessoas que nunca publicaram conseguiram pela primeira vez, além de empregar profissionais de várias áreas editoriais e artistas de outros segmentos”.
FEM convoca proponentes habilitados em editais da Lei Aldir Blanc
Já estão disponíveis no Diário Oficial do Estado (DOE) os resultados finais de propostas habilitadas nos editais de Arte e Patrimônio, Audiovisual, Apoio à Música e Prêmio de Fortalecimento da Cultura dos Povos Indígenas, todos referentes à segunda fase da Lei Aldir Blanc (LAB).
Os proponentes cujos projetos se classificam como convocados devem encaminhar a documentação de habilitação, bem como o termo de compromisso preenchido e assinado na sede da FEM, no horário de 8h às 14h, ou enviar para o endereço eletrônico femcultura.habilitacao@gmail.com. Os documentos necessários estão disponíveis no portal da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), e serão aceitos até dia 16 de dezembro.
Caso o projeto esteja situado como “classificado”, os mesmos devem ficar atentos ao DOE para eventuais convocações, que, caso sejam realizadas, serão por ordem de pontuação, da maior para a menor.
O resultado foi um total de 292 projetos habilitados e 22 projetos convocados. Esses projetos serão financiados pela LAB, uma lei federal gerida pelo governo do Estado do Acre através da FEM.
O montante é o valor restante da primeira fase, onde foram destinados mais de R$16 milhões. O Acre foi um dos estados que mais utilizou o recurso: 70% foi utilizado. De caráter emergencial devido à pandemia da Covid-19, a LAB visou beneficiar artistas de todo o Brasil, que tiveram seus trabalhos severamente afetados durante o período pandêmico.
Sobre a Lei Aldir Blanc
A Lei Aldir Blanc é uma lei de caráter emergencial devido aos efeitos econômicos e sociais derivados da pandemia da Covid-19. Sancionada em 29 de junho de 2020, foi nomeada em homenagem ao letrista e compositor homônimo. Transferiu R$3 bilhões aos estados e municípios.
Foram seis segmentos contemplados na primeira fase: arte e patrimônio, audiovisual, cultura afro-brasileira, culturas tradicionais e populares, formação e produção e eventos consolidados. Na segunda fase dois editais auxiliaram aqueles que antes não puderam ser contemplados: os povos originários e os músicos.
Foi mais de meio milhão de reais em auxílio emergencial, divididos em quatro parcelas. O Acre foi um dos estados brasileiros que elaborou editais para a distribuição do montante, complementando o valor do auxílio emergencial cultural, e garantindo, assim, um aporte maior aos artistas locais.
Em sua segunda fase, a Lei Aldir Blanc injeta o montante residual do valor transferido ao Estado, totalizando R$ 4,9 milhões divididos nos quatro editais.
Governo publica resultados provisórios referentes à Lei Aldir Blanc
Estão disponíveis no Diário Oficial do Estado (DOE) nº 13169 os resultados provisórios dos editais referentes à segunda fase da Lei Aldir Blanc (LAB), no âmbito Estadual. O prazo para a interposição de recursos segue até quarta-feira, 24. Os recursos enviados em data e horário diferentes dos previstos, bem como formulados por proponentes sem poderes de representação, não serão validados.
Os resultados foram referentes aos editais de Audiovisual, Arte e Patrimônio, Apoio e Incentivo à Música e o prêmio de Fortalecimento da Cultura dos Povos Originários. Por tratar-se apenas dos resultados provisórios, os proponentes podem solicitar recurso através do endereço de e-mail: fem.recurso@gmail.com. O interessado também poderá entregar a documentação de forma presencial nos endereços citados em cada edital.
Na segunda fase da LAB foi destinado apenas o montante remanescente da lei, aplicada em 2020. Por conta disso, o número de projetos aprovados deve ser menor que o da primeira fase. Foi um total de R$ 4.6 milhões destinados aos quatro editais.
Também está disponível no DOE o resultado final da lista de inscrições deferidas e indeferidas, bem como o novo cronograma referente ao Edital de Incentivo à Publicação de Livros nº 005/2021 da Fundação de Cultura Elias Mansour. Os resultados provisórios das obras aprovadas deve ser publicado no dia 26 de novembro.
Sobre a Lei Aldir Blanc
A Lei Aldir Blanc é uma lei de caráter emergencial devido aos efeitos econômicos e sociais derivados da pandemia da Covid-19 aos fazedores de cultura. Sancionada em 29 de junho de 2020, foi nomeada em homenagem ao letrista e compositor homônimo. Transferiu R$3 bilhões aos estados e municípios.
A FEM ficou responsável por gerir mais de R$ 16,4 milhões em 2020, distribuídos em editais e quatro parcelas de auxílio emergencial. Foram seis segmentos contemplados na primeira fase: arte e patrimônio, audiovisual, cultura afro-brasileira, culturas tradicionais e populares, formação e produção e eventos consolidados.
Foi mais de meio milhão de reais em auxílio emergencial, divididos em quatro parcelas. O Acre foi um dos estados brasileiros que elaborou editais para a distribuição do montante, complementando o valor do auxílio emergencial cultural, e garantindo, assim, um aporte maior aos artistas locais.
Os proponentes dos editais da primeira fase deveriam executar os projetos até 31 de outubro de 2021, e têm um prazo de até 30 dias após o desenvolvimento do projeto para realizar a prestação de contas.
Consciência Negra: artista promove Festival Afro-cultural a partir de 15 de novembro
No mês da Consciência Negra, à beira do Rio Acre, no festeiro bairro da Base, a artista Camila Cabeça promove o Festival Afro-cultural Cabeça de Nêga com programação que celebra a semana da Consciência Negra, de 15 a 20 de novembro de 2021. As temáticas passam pela educação antirracista e patrimonial cultural com foco no Acre.
O Festival foi aprovado pelo Edital de Produção e Eventos Consolidados/Inéditos nº 007/2020 do Governo do Estado do Acre, por meio da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), com recursos da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc.
A programação, inspirada nos saberes do povo da Amazônia, inclui: treinamento para comunicadores; palestras; oficinas; rodas de conversa; atendimento jurídico; Feira do Bem Viver; Cortejo de Maracatu; ato pelo Dia da Consciência Negra; apresentação de Marujada; programação musical “A hora do pôr-do-sol de Oyá” e baile musical.
“Cabeça é orí, é o nosso conhecimento, então o Festival foi pensado para Rio Branco, partindo da comunidade do bairro da Base. Faremos um trato sonoro, artístico, com formação, fruição artística, de natureza sensorial, de troca de conhecimentos de forma que fortaleça o elo de todes; tanto de mulheres quanto da sociedade como um todo”, explica, artista e proponente do projeto.
Camila Cabeça
Um destaque na programação será a participação da escritora, arquiteta e urbanista Joice Berth que ministrará a palestra “Decolonialidade e Empoderamento”, no dia 16 de novembro, às 19h. A vinda da escritora ao Acre é fruto da parceria da organização do Festival com o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC). Nascida e criada em São Paulo, formou-se em Arquitetura pela Uninove em 2010, tendo posteriormente feito pós-graduação em Direito Urbanístico pela PUC-MG.[2] Tem como campo de pesquisa o direito à cidade, com recorte de gênero e raça
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O atendimento jurídico oferecido pela Defensoria Pública do Estado do Acre (DPE) nos dias 16 e 19 de novembro, também faz parte da programação. O serviço fornecido pela DPE, são: consultas a processos; orientações sobre pensões alimentícias; pedidos de guarda, e entre outros que já são oferecidos pela defensoria.
A carreira de Camila Cabeça chega a um ciclo ainda mais especial, em 2021 ela completa 10 anos de cantoria. Na trajetória de produtora à artista, ela fez residência artística e ministrou aulas para turmas internacionais. Como pesquisadora, desenvolveu o método artístico “Carimbó para o Despertar do Corpo”; promoveu lives durante a pandemia e viajou por cidades acreanas com projetos de “afrobetização”, que tem compromisso com a luta antirracista.
Como forma de pontuar o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, a programação do Festival prevê o ato “Aquilombar é Preciso”, articulado pelo Movimento Negro Unificado no Acre (MNU-Acre), com início às 9h.
Festival Afro-cultural Cabeça de Nêga (programação)
Data: 15 a 20 de novembro de 2021
Horário: de segunda a sexta, das 08h às 21h, e aos sábados das 08h às 22h
Local: Rua Barbosa Lima – Bairro da Base
Inscreva-se nas oficinas do Festival Afro-cultural Cabeça de Nêga!
Nos dias 15, 16, 18 e 19 de novembro das 14h às 17h
No dia 17 de novembro das 09h às 11h
Local: sede do Bloco Sambase
Vagas: até 20 pessoas
- Oficina: Meu Cabelo, Minha Identidade – https://forms.gle/c4u8CHqzbBWXsuy97
Oficineira: Kelly Cristina Oliveira
Data: 15 de novembro de 2021 / Horário: das 14h às 17h - Oficina: Turbante – https://forms.gle/htwphJoRjcbwJ3Xk6
Oficineira: Allańá Dï Souza
Data: 16 de novembro de 2021 / Horário: das 14h às 17h - Oficina: Legado de Mercedes Baptista –https://forms.gle/JBJAqEgH2Z6K3gnr9
Oficineira: Camila Cabeça
Data: 17 de novembro de 2021 / Horário: das 9h às 11h - Oficina: O corpo – https://forms.gle/QP1MCCWmfgdkWh5a9
Oficineire: Kika Sena
Data: 18 de novembro de 2021 / Horário: das 14h às 17h - Oficina: A dança e os ritmos da Marujada Brig Esperança –https://forms.gle/u5NjtrE1t28Y2K536
Oficineiro: Mestre Aldenor e componentes do Folguedo
Data: 19 de novembro de 2021 / Horário: das 14h às 17h
Mostra de Música realiza inscrições até quinta-feira
Está chegando a 1ª Mostra de Música Popular Acreana “Encantos e Cantos da Floresta”. Até dia 11, músicos e/ou bandas de todo o Estado podem inscrever suas produções autorais ou interpretações para apresentar até 5 faixas. O prêmio de participação é de R$750 para os artistas selecionados.
O evento contempla duas regionais: do Purus, cujas apresentações ocorrem nos dias 19, 20 e 21 de novembro; e do Baixo Acre, cujas apresentações ocorrem nos dias 26, 27 e 28.
As inscrições podem ser realizadas através do link: shorturl.at/pvxMW, onde serão selecionados 24 músicos ou bandas. O idealizador da Mostra, Marcelo Pereira, conta que o evento vai fornecer toda a estrutura para que o artista possa se apresentar. “Caso ele precise de uma banda, nós vamos ter uma banda base que pode acompanhar o trabalho dele”, revela.
Marcelo também conta que não há restrições quanto ao estilo musical, já que a ideia é apresentar o trabalho dos artistas e fomentar o cenário musical acreano. A seleção dos participantes será feita pelos representantes do Conselho Municipal de Políticas Culturais, através da Câmara Temática de Música e do Conselho Estadual de Cultura.
A ideia do projeto se iniciou com diversas conversas entre alguns músicos, onde Marcelo sempre ouvia dizer que seria importante que houvesse um evento em que os artistas, novos ou não, pudessem mostrar o trabalho deles. “Então eu fui ouvindo todas essas conversas e escrevi esse projeto. Inscrevi ele para um edital do Banco da Amazônia e fiquei em segundo lugar, mas, infelizmente, só havia uma vaga para a região Norte. Então chegou a Lei Aldir Blanc, inscrevi e fomos contemplados! ”, relata.
Na regional do Purus, a Mostra vai ser realizada em Sena Madureira. Já na regional do Baixo Acre, o evento ocorre em Rio Branco.
Professor de música pesquisa sobre o uso de vocábulos amazônicos em canções
Se você é acreano do “pé rachado” , com certeza a maneira que você pronuncia determinadas palavras tem influência da cultura indígena local. O modo como cada vocábulo é pronunciado, sua entonação e sonoridade foram alguns dos motivos que levaram o maestro e professor Afonso Portela a pesquisar a respeito e elaborar um livro sobre o tema.
Apesar de a pesquisa, intitulada “O Uso de Vocábulos Amazônicos na Interpretação de Canções”, fazer parte do programa de pós-graduação realizado por ele na Universidade do Estado de Santa Catarina (UESC), a lei Aldir Blanc, através da Fundação de Cultura Elias Mansour, foi primordial para o seu desenvolvimento e conclusão, possibilitando viagens para bibliotecas em outros estados.
Você sabe o que é um vocábulo? trata-se de um pequeno trecho de som que é produzido nas falas, e pode se dizer que toda letra é um vocábulo ou simplesmente a junção de alguns. Sua pesquisa envolveu a análise de cinco músicas do cantor paraense Waldemar Henrique. O músico fez um levantamento de dicções e características de falas amazônicas. Ele entrou em contato com todos os estados do norte do país, exceto Tocantins. Após ter todo o material, ele realizou um comparativo do que há de semelhante e do que há de diferente, além de se basear ,primeiramente, no seu estado de origem, o Acre.
“Quando eu penso no que as pessoas podem aprender com isso, eu fico muito feliz.”
Afonso Portela
Com os processos de imigração e povoamento da região, a linguagem foi se diversificando de acordo com cada estado amazônico, incluindo o Acre. Suas pesquisas concluíram que a linguagem local possui nasalidade e isto está diretamente relacionado à ancestralidade indígena, pois as etnias que formam o território amazônico, utilizam a “nasalidade” em vogais específicas de acordo com a etnia. Para embasar o assunto, ele utiliza desde Platão a Focult, além de envolver estudos semióticos, os quais ele utiliza da retórica musical que revela algo além.
A obra não tem data para ser publicada, porém, o professor espera ansiosamente para compartilhar os resultados de sua pesquisa através do livro, para que a população acreana e nortista conheçam ainda mais a própria cultura.
Sessão Aquiry: projeto cria acervo audiovisual da música acreana
A convergência entre segmentos artísticos pode gerar resultados fascinantes. A união entre a música e o audiovisual resultaram na Sessão Aquiry, um projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc que une doze artistas acreanos em um rico acervo que será disponibilizado gratuitamente na internet.
Sessão Aquiry foi idealizado pelo músico e produtor João Vasconcelos, que tem sua contribuição na história da música acreana. Ele foi guitarrista da banda Los Porongas, tocando ao lado de Diogo Soares, Jorge Anzol e Márcio Magrão.
João conta que essa sessão (ou session, como é mais conhecida no cenário musical) sempre foi um sonho muito grande que teve desde sempre. “Eu sempre quis fazer um projeto de registro audiovisual da música do Acre. Eu sou apaixonado pela música acreana, pela nossa música autoral. Ela é muito peculiar e temos muita gente talentosa, então eu sempre quis fazer um projeto com essa cara”, conta.
Essa session foi inspirada em outro projeto de nome similar: a Roots Sessions, idealizada e produzida por João e um amigo que atua no cenário audiovisual. Ela contou com 2 temporadas e está disponível no YouTube, onde está descrita como um canal que divulga performances de vários artistas da nova cena musical, além de clipes e discos registrados no estúdio Cambuci Roots, no qual João é o administrador.
As sessões foram gravadas no próprio estúdio, e acabou tendo uma boa repercussão. “Eu sempre quis fazer um desses no Acre. No ‘Roots’, todos os vídeos têm essa proposta de plano-sequência, sem corte, que é pegar a câmera e, num take só, filmar a performance do artista. Eu mantive essa ideia para o Sessão Aquiry”, revela João.
A Lei Aldir Blanc veio em uma hora auspiciosa para que o músico realizasse o projeto, que já havia concorrido em outros editais. “Eu sempre achei legal ter esse registro da música do Acre condensado em um canal só. Cada artista tem seus vídeos, mas é muita coisa espalhada pela internet, sabe? ”, conta o músico. “Às vezes o vídeo não tá legal, ou o áudio não tá legal. A ideia então era fazer esse registro garantindo a qualidade nesses dois aspectos do produto. E aí, quando eu vi os editais da Aldir Blanc, pensei ‘ah, eu vou mandar’ e deu certo! ”
O projeto Sessão Aquiry vai unir um total de 12 artistas do cenário musical acreano, incluindo nomes como: Diogo Soares, Pia Villa, Maria Clara, Maya Dourado, Duda Modesto e Brunno Damasceno. Todos os registros foram feitos em setembro de 2021, nas casas dos artistas ou em locais combinados previamente.
João planeja iniciar o lançamento dos vídeos em novembro, no canal do YouTube e no perfil do Instagram do projeto. Serão em média 3 vídeos por semana, então é recomendado que os interessados fiquem de olho nas redes sociais da Sessão Aquiry. “Tem tudo pra ser um produto legal de acervo, de registro audiovisual da música da nossa terrinha! ”, afirma João.
Peça de teatro revive a cultura acreana
O que você sabe sobre a sua história? Sua família migrou do Nordeste? Seus avós atuaram como seringueiros? Essas perguntas foram trabalhadas de maneira artística pelo grupo de teatro Candeeiro.
A peça “Afluentes Acreanas” contou com 12 apresentações distribuídas entre sábados e domingos no Memorial dos Autonomistas. A peça foi escrita por Maria Jaqueline que é recém-formada em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Acre (UFAC). A multiartista atua e dirige o espetáculo.
A ideia da peça surgiu a partir de uma pergunta que ela fez a si mesma sobre quem ela era, suas origens indígenas etc.
A peça trouxe a história de mulheres que sofreram com violências diversas no estado, por exemplo, a história de Angelina. O livro Melo do Pote de Marcus Vinicius é uma das fontes de pesquisa do grupo. Ela conversou com familiares e muitas histórias e construções sociais que ela ouviu e percebeu em sua ancestralidade foram colocadas na peça.
A construção da peça é definida com “um espetáculo íntimo” por ser sobre o reconhecimento dos atores, sobre a consciência da própria história e trajetória. O grupo buscou de maneira coletiva trazer esse “pertencimento acreano” explorando a própria historicidade familiar.
Desde o início havia uma preocupação por parte da diretora de como os atores e o público iriam receber as informações sobre a cultura acreana. Fatos e personagens do passado da cidade se misturam com problemáticas atuais. Uma das abordagens faz uma crítica a xenofobia e ao apagamento do estado em contexto regional e nacional.
A preocupação na montagem era de valorizar o estado, “essa peça só faz quem é acreano”, todo o figurino, artes etc. foram feitas por acreanos. Isso foi colocado desta forma para chamar a atenção da população.
“Se a gente não recepciona e não fala bem desse lugar não tem motivo para quaisquer outras pessoas acharem aqui bom.”, disse a diretora.
A peça foi apresentada em uma mostra de São Paulo e segundo a atriz, a cultura do estado cativou os paulistanos. Há muito achismo e folclorização sobre o estado.
“Florestas perpetuam e o nosso fim, enfim chegou.”. Esta frase é ditada ao final da peça e fala sobre entender, defender e respeitar o nosso lugar, mesmo que as histórias nem sempre sejam boas, mas devemos preservar aquilo que ficará, a natureza.