Durante todo o mês de setembro, uma pauta muito importante é discutida: a prevenção ao suicídio. O dia 10 é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. De acordo com uma cartilha do Conselho Federal de Medicina, publicada em 2014, os comportamentos tidos como suicidas envolvem pensamentos, planos e tentativas. Dados publicados pela plataforma Comunica Que Muda e divulgados pela Folha de São Paulo afirmam que publicações relacionadas ao tema tiveram aumento durante pandemia do COVID-19.
Porém, diferente do que é comumente associado, o comportamento suicida não está necessariamente ligado à depressão. São diversos os fatores que podem desencadear estas ações como, por exemplo, transtornos mentais, fatores estressores crônicos e recentes, impulsividade, eventos adversos, motivos aparentes ou ocultos e outros. Estes podem ser encontrados na cartilha da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL, na sigla original), publicada no website setembroamarelo.com.
Existe um mito de que “quem fala não faz”, porém todo comportamento e fala é um pedido de ajuda. Segundo a psicóloga Liliane Gomes, alguns dos sinais incluem isolamento, falta de perspectiva sobre o futuro e até a verbalização da intenção suicida.
“Suicídio não é um problema individual, mas coletivo”, relata. “Ele tem uma relação direta com políticas de acesso a emprego, renda, bens culturais, etc.”
A arte pode ser um fator auxiliador na prevenção, especialmente em tempos de pandemia. Ela é uma forma de expressão que auxilia na saúde mental. Em uma edição de 2013 da Revista de Psicologia da Universidade Estadual Paulista, as autoras Tânya Cardoso e Elizabeth Lima citam “um histórico da relação entre arte, saúde mental e subjetividade mostrando alguns personagens importantes desse traçado, e ilustra a arte como possibilidade de construção de si, às ‘artes menores’, ligadas à potência de vida”, de acordo com o livro “Saúde Mental e Arte: Práticas, saberes e debates”, de Fernanda Tocam e Paulo Amarante.
PARA AJUDAR
É importante auxiliar e ouvir de perto as pessoas que exprimem comportamentos suicidas. Liliane frisa a importância de não julgar. Frases que envolvem religiões, que minimizam a situação ou que exprimam que “existem pessoas em situações piores” são altamente desencorajadas.
“O segundo passo é buscar ajuda profissional”, conta. “O Centro de Valorização à Vida (CVV) é especializado e muito importante em momentos de crise, e aqui no Acre há serviços que acolhem situações de crise junto ao Huerb”.
O ideal, para Liliane, é que a pessoa possa fazer um acompanhamento com profissional, pratique atividades físicas e tenha acesso a políticas públicas de acesso a uma vida digna. O Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco está funcionando normalmente para casos graves que demandem internação.
O projeto Cuide-se, do curso de Psicologia da Universidade Federal do Acre mapeou redes de saúde mental em Rio Branco, Sena Madureira e Brasiléia. Mais informações podem ser consultadas no site do grupo ou nas redes sociais.
A ligação para o CVV é gratuita e garante apoio emocional, contando com voluntários de todo o país. Disque 188 ou acesse o chat no portal.